Leonardo Del Vecchio, o homem mais rico da Itália, com uma fortuna avaliada em US$ 18,9 bilhões, vai assumir o controle da maior empresa global do setor de óculos, avaliada em € 46,3 bilhões, ou quase US$ 50 bilhões. Isso porque a Luxottica, fundada e controlada por ele, anunciou ontem um acordo de fusão com a francesa Essilor International.
A fusão dará origem a uma nova companhia, que vai liderar o mercado de óculos com 32% de participação no mundo e 28,3% no Brasil, segundo a Euromonitor.
“Com este acordo, meu sonho de criar o maior competidor global na indústria de óculos, totalmente integrado e excelente em todas as áreas, torna-se verdade finalmente. Finalmente, após 50 anos, dois produtos que são totalmente complementares, nomeadamente armações e lentes, serão concebidos, fabricados e distribuídos sob o mesmo teto”, afirmou Del Vecchio, em comunicado.
Pelo acordo, a holding Delfin, que pertence a Del Vecchio e é a principal acionista da Luxottica, com 62% das ações, vai trocar suas ações por papéis da empresa francesa – na proporção de 0,461 ação da Essilor para cada uma ação da Luxottica.
Ao fim do processo, a Delfin, que tinha 62% da Luxottica, terá 38% das ações da nova companhia. Essa participação pode ser reduzida para 31%, se os acionistas minoritários da Luxottica aceitarem a oferta de fusão.
Aos 81 anos de idade, Del Vecchio será presidente do conselho de administração e presidente executivo do novo grupo. Hubert Sagnieres, atual presidente da Essilor, será vice-presidente da nova companhia e vice-presidente do conselho de administração.
Juntas, Luxottica e Essilor terão mais de 140 mil funcionários e receita combinada superior a € 15 bilhões por ano. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) é estimado em € 3,5 bilhões por ano. A nova companhia espera ganhos com sinergias entre € 400 milhões e € 600 milhões por ano.
Com a fusão, a Luxottica praticamente dobra de tamanho, ampliando a participação global de 16,5% para 31,9%. Depois da Luxottica e da Essilor, a Johnson & Johnson é a terceira colocada, com 3,9% do mercado. Em seguida estão a Safilo, com 3,72% e a Hoya, com 3,16%.
“A Luxottica domina o mercado mundial de óculos de sol, com mais de 50% de participação. A Essilor é um complemento na formação de uma potência global de óculos, com sua liderança em lentes”, disse Jasmine Seng, analista da Euromonitor International.
O acordo para fabricar os óculos do estilista Giorgio Armani, em 1988, foi o primeiro negociado por Del Vecchio com diversas grifes de luxo. A Luxottica é especializada em óculos de sol de marcas como Prada, Dolce & Gabbana, Burberry, Versace, Ralph Lauren, Michael Kors, Vogue, Ray-Ban e Oakley. No mundo, tem 3.153 lojas, nos cinco continentes. A Essilor produz lentes e é dona de marcas como Varilux e Crizal.
No Brasil, a fusão vai permitir à Luxottica liderar com folga o mercado de óculos e lentes. A Essilor é líder no país, com 16,2% das vendas, seguida pela Luxottica, com 12,1%. A Chilli Beans é a terceira colocada, com 4,5%, seguida pela Carl Zeiss, com 3,2%, e pela Hoya, com 1,5%. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) informou ao Valor que ainda não foi informado da fusão.
No Brasil, a Luxottica vende armações e óculos para óticas e também em sua própria rede, a Sunglass Hut. Em 2016, começou a expandir sua rede por meio de franquias, com abertura de 20 lojas, passando a ter cerca de 90 unidades. (Colaborou Gustavo Brigatto)
Fonte: Valor Econômico
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