Quem tem pânico ou preguiça de interagir com vendedores em lojas de roupas já não precisa se preocupar. É possível hoje receber em casa peças com curadoria de stylists e pagar apenas pelos itens de que gostou. O serviço, popular nos Estados Unidos, começa a crescer no Brasil.
A Upperbag foi criada de olho nesse público que quer unir a praticidade de comprar roupa pela internet com a possibilidade de experimentar as peças antes de fechar negócio.
Com investimento inicial de R$ 100 mil, o advogado Alexandre Abrahão, 28, abriu a empresa em 2015, focada em moda masculina. Há dois anos, passou a oferecer também roupas femininas e infantis.
Com mais de 200 marcas parceiras, atende cerca de 600 clientes por mês nas regiões Sul e Sudeste, em Goiás, no Distrito Federal e em parte de Mato Grosso do Sul, Cuiabá, e Salvador.
“O objetivo é estar presente, no começo do ano que vem, em outras capitais do Nordeste, como Recife e Fortaleza”, afirma Abrahão.
No ano passado, a Upperbag faturou R$ 850 mil, segundo ele. A previsão do empresário é chegar a R$ 2 milhões em 2018. “A ideia é continuar no ritmo de crescimento de 10% ao mês”, diz.
Entre seus planos está o desenvolvimento de coleção própria e um clube de assinatura de roupas, ambos com previsão para o início de 2019.
Para ter acesso ao serviço, é preciso preencher um questionário no site que identifica o perfil de estilo do cliente. Com base nisso, profissionais especializados (os “personal stylists”) entram em contato pelo WhatsApp para aprofundar o conhecimento sobre as preferências do consumidor.
Por fim, os stylists analisam os perfis da pessoa nas redes sociais para encontrar outras informações sobre seu estilo. Hoje, a Upperbag conta com uma equipe de oito profissionais para fazer esse trabalho.
Os clientes recebem, em média, 30 itens por mala, entre roupas, sapatos, acessórios e cosméticos. O valor médio das compras é de R$ 450.
A pessoa tem três dias para experimentar e escolher os itens de que gostou. Para pedidos na cidade de São Paulo, no ABC Paulista e em Barueri, a empresa fica responsável pela retirada. Nas demais regiões, é preciso enviar a mala com o que não foi escolhido via Correios. O valor pago na postagem é revertido em crédito para compras no site.
A Mandala, criada em abril de 2017, tem funcionamento parecido: os clientes preenchem um questionário sobre seu perfil e, por meio de análise de big data, a empresa seleciona as roupas.
Criada por Filipe Longo, 26, e Guilherme Tieppo, 26, a empresa, que hoje tem como sócia a administradora Carolina Racy Andraus, 41, é especializada no público feminino.
A Mandala, com 40 marcas parceiras, atende a 15 bairros na capital paulista, entre eles Campo Belo, Itaim Bibi, Vila Leopoldina e Morumbi.
“Estamos nos estruturando para atuar em cidades que já têm interesse pelo serviço, como Campinas, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro”, diz Longo.
Em 2017, o faturamento da empresa foi de R$ 350 mil. A projeção é atingir R$ 1,2 milhão neste ano. Por semana são enviadas cerca de 50 malas (chamadas de mandalas). Cada mala tem 15 peças em média, e o preço médio de cada uma delas é de R$ 260.
É enviado ao cliente, junto com a mala, uma carta de orientações: como combinar cada uma das peças, em que situações usá-las e por que foram escolhidas pela equipe.
Segundo Ana Paula Tozzi, presidente da AGR Consultores, um dos principais desafios para quem quer atuar no segmento é encontrar o equilíbrio entre as receitas geradas e os custos de logística e também do estoque de peças que está passeando pelas casas das pessoas.
“Outro desafio é acertar no mix: como entender bem o que a consumidora busca entre roupas, acessórios, lingerie, biquíni etc.?”, afirma.
Enquanto a Upperbag e a Mandala mandam roupas para as casas dos clientes, a empresa LOC, em operação desde janeiro deste ano, faz o contrário: permite que as pessoas lucrem mandando suas roupas para a casa alheia. O aplicativo de aluguel de vestuário funciona por geolocalização e possibilita visualizar as peças que outros usuários topam compartilhar a uma distância de até 50 quilômetros. Com 8.600 usuários ativos, a plataforma tem mais de 9.000 peças cadastradas em Salvador, onde o negócio foi criado, e cerca de 900 na cidade de São Paulo.
“O Uber trouxe a possibilidade de as pessoas compartilharem carros, o AirBnb trouxe isso ao mercado imobiliário. Por que não compartilhar roupa?”, diz a advogada Lara Tironi, 29, cofundadora.
Pelo aplicativo, os usuários —em sua maioria mulheres— acertam o aluguel das roupas. A empresa lucra com uma taxa de 30% do valor da operação, percentual pago pela dona da peça. A previsão é faturar R$ 50 mil neste primeiro ano de operação.
Fonte: Folha de São Paulo
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