Grupo Bittencourt
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Para crescer, sorveterias viram franquias

Esse movimento ajudou as empresas a crescerem apesar dos problemas.
“As franquias são especialidades que vêm crescendo a todo vapor e já são classificadas como uma nova tendência”, diz Eduardo Weisberg, presidente da Abis (Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes).
Segundo ele, o fortalecimento das marcas pode ajudar na recuperação do setor como um todo.
Depois de aumentar 67% entre 2003 e 2015, o consumo registrou queda no ano passado, de acordo com dados preliminares da Abis.
Um dos exemplos que ilustram esse cenário é a Ice Creamy Sorvetes. A empresa abriu em 2014 sua primeira loja em Catanduva (385 km de São Paulo) e hoje tem 70 pontos em 18 Estados.
“Desde o início pensava em transformar em franquia. A primeira loja já tinha layout, design, tudo padronizado para isso”, diz Émmerson Serandin, fundador e presidente da marca.
Segundo Serandin, o modelo não é garantia de sucesso. “A franquia tem uma fórmula que funciona, é igual a uma receita de médico. Se você não tomar os remédios direito, não vai dar certo.”
O paulistano Rafael Pereira, 20, diz concordar. Ele abriu em dezembro, com o pai, uma loja da marca no Campo Belo, zona sul de SP.
“Antes de abrir a unidade, conversamos muito com a franqueadora, para ter certeza de que nossos valores batiam com os da marca”, diz.
“Sorvete é uma categoria que está se consolidando, o consumo per capita subiu nos últimos dez anos. Quando um mercado amadurece, é natural que a franquia se faça presente”, afirma o empresário Lupercio Moraes.
Ex-executivo na área de consumo, ele comprou em 2014 a Rochinha, tradicional marca de sorvetes do litoral norte de São Paulo. Depois de um tempo de adaptação, a empresa adotou o modelo de franquia no ano passado.
“Quando começamos a planejar, não tinha crise. Então tivemos que adaptar nosso modelo e criar uma alternativa”, afirma ele.
A solução foi investir em uma opção de quiosque, mais barata -o investimento necessário é de R$ 50 mil, com retorno em 18 meses. Já a loja requer R$ 200 mil e retorno entre dois e três anos.
“Essa versão menor acabou sendo o nosso maior sucesso”, afirma Moraes.
Não basta adotar o modelo de franquias para fazer sucesso, alerta Hebert Rodrigues, consultor do Sebrae-SP. É preciso ter um produto que se diferencie do resto, em especial das grandes marcas que dominam o setor.
A Rochinha, por exemplo, aposta em sabores naturais, enquanto a Ice Creamy usa a técnica de pedra congelada, pela qual o sorvete é finalizado na frente dos clientes.
“É um setor com muito potencial, mas que requer inovação e criatividade”, diz Rodrigues. Sorvetes gourmet e naturais estão entre as tendências desse mercado, diz.
Foi esse caminho que levou o designer Rafael Cipolla, 29, a deixar o mercado de publicidade para criar em 2014, ao lado de sócios, a Naked Sorvetes, especializada em sabores saudáveis, com frutas e água de coco.
“Sempre teve essa história de sorvete de frutas saudável, mas ninguém fazia com muita profundidade, então vi a oportunidade”, diz ele. Atualmente a empresa produz até 30 mil picolés por mês.
Dicas para quem quer entrar no setor
Pesquise
Analise o mercado para encontrar um nicho. Além de sabores saudáveis e gourmet, outra tendência é a de produtos segmentados, como os sorvetes para diabéticos ou para pessoas intolerantes a lactose
Escolha
Defina se vai vender picolé ou sorvete de massa e se vai apenas produzir ou também cuidará da venda ao público. Com isso em mãos, será possível traçar um plano de negócios
Diversifique
Como o segmento é sazonal, com venda alta no verão e queda brusca no inverno, vale investir em produtos que possam ser consumidos em diferentes épocas do ano, como cafés e açaí.
Por Bruno Benevides
Fonte: Folha de S. Paulo