O varejo de moda, apesar de estar fazendo uma gestão conservadora dos estoques, trabalha com a perspectiva de aumento de vendas para o quarto trimestre.
O Dia das Crianças, comemorado no último dia 12 de outubro, as promoções da Black Friday, no fim de novembro, e o Natal devem levar mais consumidores de volta às lojas. “As vendas de agosto e setembro foram melhores do que no ano passado, graças à entrada das novas coleções. Na primeira semana de outubro, o varejo não foi bem. As pessoas estavam mais envolvidas com os debates sobre a eleição. Mas a expectativa para o Dia das Crianças é pelo menos repetir o desempenho de 2017”, diz Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) com seus associados.
A entidade reúne 32 varejistas de moda, incluindo grandes redes como Renner, C&A, Riachuelo, Cia. Hering e Marisa. O executivo acrescentou que a perspectiva é de crescimento de vendas no período da Black Friday e do Natal, em comparação com o ano passado. “As empresas estão fazendo uma gestão ainda conservadora de estoques para as próximas datas, para que não tenha sobra de mercadorias. Ainda assim, a perspectiva é de crescimento em relação a 2017”, acrescentou Lima.
Foto: ReproduçãoDe acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados hoje, as vendas no varejo de tecidos, vestuário de calçados cresceram 5,6% em agosto em relação a julho. Esses setores apresentavam queda de 2,4% no acumulado de janeiro a julho, em receita, e queda de 4,4% em volume, em relação a igual período do ano passado.
O indicador Serasa Experian do comércio, divulgado nesta semana, apontou para a categoria de tecidos, vestuário, calçados e acessórios uma queda de 2,2% no acumulado de janeiro a setembro. Alguns indicadores para o varejo de vestuário apontam tendência de melhora.
A pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), por exemplo, indicou expectativa de crescimento de 5% nas vendas de shopping centers nesta semana do Dia da Criança. O crescimento, segundo a Abrasce, será impulsionado pelas lojas de brinquedos, seguida por vestuário e calçados.
Em agosto, segundo a Abrasce, as vendas das lojas de vestuário em shopping centers cresceram 13,25%. O bom desempenho dos shopping centers favorece principalmente as grandes redes de moda de capital aberto, que concentram sua presença nesses centros comerciais. É o caso de Renner, Riachuelo, Cia. Hering, Arezzo e Restoque. A Boa Vista SCPC, por sua vez, espera crescimento de 2,5% no comércio varejista como um todo no Dia das Crianças. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que as vendas associadas ao Dia das Crianças devem movimentar R$ 7,4 bilhões neste ano, um crescimento de 1,5% – já descontada a inflação – na comparação com 2017.
Para o segmento de vestuário, a CNC prevê uma queda de 1,6% na data. Para Marcelo Prado, diretor da Iemi Inteligência de Mercado, não existe razão econômica para impedir a recuperação do varejo de moda no quarto trimestre. “Nos meses anteriores, o setor sofreu influência negativa da greve dos caminhoneiros, da Copa do mundo, da preocupação dos consumidores com o futuro na eleição. Após o segundo turno, a tendência é as pessoas voltarem ao padrão normal de consumo”, avaliou Prado. O economista acrescentou que o cenário macroeconômico está melhor do que no quarto trimestre do ano passado, com nível de desemprego um pouco menor e massa salarial mais alta.
A Iemi Inteligência de Mercado prevê para o ano crescimento de 1,8% nas vendas do vestuário em volume, para 6,3 bilhões de peças, com expansão concentrada nos últimos meses do ano. Prado também espera que as empresas de moda tenham um bom desempenho de vendas durante a Black Friday, em novembro. Ele observou que os setores de eletrodomésticos e eletroeletrônicos já tiveram um avanço importante em vendas no primeiro semestre. Os dois setores costumam liderar as vendas na data comercial.
Pedro Guasti, consultor de negócios da Ebit/Nielsen, estima para o setor de moda crescimento de pelo menos 15% nas vendas durante a Black Friday de 2018, em comparação ao ano passado, chegando a 480 mil pedidos. “A categoria de moda e acessórios vem ganhando relevância no comércio eletrônico, não só pela mudança nos hábitos dos consumidores, mas pelos investimentos das redes de moda na área. No ano, a categoria deve ser a mais vendida em volume de pedidos”, afirmou Guasti. Em 2017, o setor de moda e acessórios respondeu por 14,2% dos pedidos feitos no comércio eletrônico, com 15,8 milhões de pedidos. Em volume financeiro, o setor respondeu por 6,1% das vendas do comércio eletrônico, atingindo R$ 2,9 bilhões. No primeiro semestre deste ano, o setor respondeu por 14,5% dos pedidos (7,9 milhões) e por 6% do valor financeiro movimentado no varejo on-line (R$ 1,4 bilhão).
Fonte: Valor Econômico
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