2015-03-18
Consumo. Empresas apostam em ampliação do mix de produtos e serviços para conquistar o público que frequenta este tipo de comércio, chegando a ampliar em até 20% seus ganhos
Foi-se o tempo em que as lojas de conveniência em postos de gasolina vendiam apenas cigarros, bombons e sorvetes. Hoje, elas oferecem uma variedade enorme de itens e já são responsáveis pelo aumento de até 20% na receita dos postos, conforme pesquisa da consultoria CVA Solutions.
De olho nesse potencial, empresas do setor como BR, ALE e Ipiranga investem cada vez mais em lojas com maior mix de produtos. “Houve um crescimento expressivo da linha de food service. O mix ficou mais completo e leva a marca própria, somando cerca de 150 itens com o nome BR Mania”, afirmou a gerente de lojas e franquias da rede de postos da Petrobras Distribuidora, Kamylle Guimarães de Souza.
Hoje, os clientes que vão até as lojas encontram temakerias, pizzarias e espaços preparados para oferecer uma refeição completa para um café da manhã e até mesmo um almoço.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustível e Lubrificantes (Sindicom), o setor teve um incremento de 15% no faturamento em 2014, ao somar
R$ 5,773 bilhões. As lojas de conveniência apresentaram também incremento no número de unidades com alta de 13% comparado a igual período de 2013, segundo o Sindicom.
“Esse número é muito expressivo para nós, porque enquanto as lojas de varejo, em geral, cresceram cerca de 3,7% a operação de conveniência teve incremento de 15%”, afirma o diretor de mercado do Sindicon, Cesar Guimarães.
Mudança
Para ele, a grande mudança nas lojas está na oferta de alimentação, o chamado food service. Ainda segundo Guimarães a alimentação fora do lar aumentou nos últimos anos impulsionada pela entrada das mulheres no mercado de trabalho. “Por conta disso, todo o varejo sofreu uma mudança, e isso chegou ao setor das lojas de conveniência.”
Com um tíquete médio de R$ 7,85, os postos ALE estão investindo em uma forma de franquia diferenciada para conquistar seu espaço no mercado. Ao invés de cobrar por royalties a rede trabalha com a licença de marca, que cobra uma taxa fixa pelo uso da marca. Segundo a gerente de conveniência e parcerias da ALE, Ana Carolina Castro, o valor é bastante inferior a 6%, que é a média em outros postos.
“A licença de marca foi uma forma que encontramos de crescer no mercado. As lojas da ALE tem um padrão de identidade visual e oferecemos o apoio para o revendedor conseguir se desenvolver na região onde ele opera” explica.
No momento são cerca de 280 lojas em funcionamento e a rede pretende encerrar o ano com 350 estabelecimentos. Para 2017 a projeção é de 500 unidades. Em operação há 15 anos, a marca é a mais nova entre as outras redes já consolidadas no mercado. Uma das estratégias de venda da ALE é conhecer as necessidades regionais e investir. “Temos revendedores que apostam em padarias e até food service de alto padrão para suprir a carência das regiões onde operam”, disse o executivo, acrescentando que o objetivo da ALE é conhecer a necessidade local e a partir disso, investir em opções.
Tendência
Uma tendência dos postos é investir em produtos de marca própria, que permite um maior controle e padrão de qualidade. Diferente dos postos ALE, que ainda não possui produtos de marca própria, a rede am/pm dos postos Ipiranga comercializa uma linha produtos com mais de 110 itens.
Entre as opções estão pães, sanduíches, salgados e sobremesas. “Todos os itens são exclusivos e com produção própria”, diz o diretor de varejo e marketing da Ipiranga, Jeronimo Santos. A marca opera com 1.708 lojas de conveniência, além de administrar uma rede de padarias presente em 360 unidades. Recentemente lançou o Beer Cave, ambiente que reúne rótulos de cervejas para levar para casa. O último faturamento divulgado pela rede am/pm foi de R$ 1,3 milhão.
Já a BR Mania aposta em serviços exclusivos para se destacar entre as suas concorrentes. A marca conta com BR Mania Café, que comercializa bebidas quentes e frias, que são elaboradas a partir de um blend exclusivo de café gourmet.
“Hoje temos cerca de 150 produtos de marca própria nas lojas de conveniência dos postos Petrobras”, comenta Kamylle. O tíquete médio de venda em 2014 foi de R$ 11 e a marca tem mais de 300 lojas com cafeteria gourmet. Além disso, oferece sanduíches montados e a BR Mania Padaria, com pão fresco e opções diferenciadas de produtos de panificação. A rede faturou R$ 1 bilhão em 2014 e planeja crescer 20% este ano.
Fidelização
Além do destaque na área de alimentação, o varejo de conveniência também estimula o consumo dos serviços oferecidos nos postos de gasolina. Segundo uma pesquisa da CVA Solutions, entre os clientes que utilizam as lojas de conveniência, 50,7% deles fazem a lavagem de carro no próprio posto de gasolina versus 33,2% que não frequentam as lojas. E, entre os consumidores que fazem o serviço de lubrificação nos veículos, 44,8% frequentam as lojas ante a 29,9% que não frequentam. O estudo de postos de combustíveis foi finalizado em janeiro de 2015 e ouviu mais de cinco mil pessoas no Brasil.
Para o sócio diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti, a fidelização é resultado da confiança que os clientes têm na marca e na procedência dos produtos e serviços que utilizam. Mas para ele, é preciso ficar atendo ao preço dos produtos. “As lojas de conveniência aumentam a procura pelos serviços oferecidos nos postos, mas é preciso ficar atento com o preço dos produtos para não trazer rejeição para a marca”.
Para Cimatti, os postos com bandeira branca ainda encontram dificuldade para fidelizar seus clientes. “As pessoas tem um carro como um patrimônio, então buscam um produto de melhor qualidade. Mesmo que custe mais barato o consumidor acaba não frequentando o posto de bandeira branca”, disse ele em entrevista ao DCI.
Para incentivar a fidelização dos clientes a marca BR Mania criou o programa Petrobras Premmia, que foi desenvolvido para recompensar a fidelidade do consumidor, que acumula pontos e pode trocar por descontos em produtos e serviços.
Kamylle estima que as vendas de combustíveis dos postos cresceram até 20% quando a marca implementa uma loja BR Mania. “Além disso, a loja de conveniência fideliza o cliente ao posto de combustível”, comenta a gerente de lojas e franquias da rede de postos da Petrobras Distribuidora.
Fonte: DCI
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