Pesquisa recente da Global Entrepreneurship Monitor apontou que mulheres vêm empreendendo mais do que os homens
Empreendedorismo é a iniciativa de implementar novos negócios ou mudanças em empresas. Quem empreende, na maioria das vezes, cria produtos e novas formas de negócios para atender a necessidade do mercado e é nesse cenário que a presença da mulher nos negócios está cada vez maior, ganhando espaço e força no mercado do empreendedorismo.
E o crescimento vem sendo acompanhado da inovação nas formas de trabalho. Segundo o levantamento mais recente que calcula a quantidade de mulheres empreendedoras, o Global Entrepreneurship Monitor 2017 (GEM/Sebrae), a quantidade de mulheres que já estavam com negócios em estágios iniciais foram 14,2 milhões contra 13,3 milhões de empreendimentos liderados por homens.
E os números empolgam quando se verifica que o número de mulheres vem crescendo à frente de negócios consolidados. Hoje, são mais de 23,9 milhões, um valor muito próximo dos homens que detém 25,4 milhões de negócios.
Os números mostram como as mulheres estão se destacando nesse ramo. E grande parte desse crescimento deve-se à busca cada vez maior de um meio de renda próprio, independente, no qual pode mostra a sua capacidade de estar à frente de um negócio. A curiosidade é que até espaços antes dominados pelos homens, hoje, começam a ser explorados pelas mulheres como, é o caso da autônoma Jaque Pinheiro.
Idealizadora do Jaque Conserta, ela buscou nos serviços de reparos domésticos uma forma de ganhar dinheiro. O detalhe é que apostou num atendimento só para as mulheres. “Desde pequena que eu gosto de consertar as coisas e sempre tive uma boa relação com as ferramentas. Dentro de casa, eu que fazia as coisas. Essa ideia por um tempo parecia algo distante, mas eu comecei a buscar conhecimento sobre a área e vi que faltava a presença feminina”, disse.
Jaque trabalha fazendo serviços de pequenos reparos domésticos, em hidráulica e elétrica, além de pintura de parede, instalação de prateleiras, entre outros, serviços que na maioria das vezes só são realizados por homens. “Esse serviço é exclusivo de mulheres. Eu busquei fazer isso por conta das necessidades que existem e são evidente como a questão da segurança. Existe uma segmentação nisso e a dificuldade maior foi em vencer o machismo, para mostrar que somos capazes de conseguir as coisas”, disse.
A autônoma destacou ainda que a sua intenção é fazer com que as mulheres percebam a sua capacidade e que é possível trabalhar com as ferramentas. “Fora o serviço de reparo eu realizo oficinas para ensinar as mulheres a manusearem as ferramentas. Usarem furadeira mostrando que são úteis, onde a mulher não precisaria contratar alguém. A minha ideia é aliar a minha militância e ajudar elas”, contou.
Experiência bem-sucedida já consolidada e que hoje está na estatística do Sebrae é da empresária Ana Karla Castro. Proprietária da loja de cortinas, tecidos e decoração Finestra, Ana lembra que no começo, em 2002, tudo foi muito difícil. Nas acomodações de sua residência, ela divulgava o produto, vendia, fazia o pedido e até transportava-o até o cliente. Nesse meio tempo, ainda enfrentou um câncer de mama, uma gravidez, mas no final veio a recompensa.
“Em 2007 eu tive um espaço próprio e hoje tenho uma loja maior, com 12 funcionários entre vendedores, instaladores e financeiro. No começo foi bem difícil, pensei em desistir, foi um momento que minha licença maternidade foi de apenas 15 dias, e voltei a trabalhar logo”, contou Karla, acrescentando que os negócios lhe fascinavam e terminavam por ajudar a enfrentar as dificuldades.
“A mulher empreendedora, diferente do homem ela é tudo, ela não para pra licença maternidade, cria, eu fazia de conta que tinha secretaria, mudando a voz. Eu tive câncer de mama e perdi uma mama em 2015. Mesmo assim eu não parava, só parava no dia da quimioterapia. O negócio me motivava e não parei por conta disso”, contou.
A proprietária destacou ainda que mesmo após consolidar o negócio ainda procura se atualizar para competir no mercado. “Hoje eu vejo palestras sobre vendas, sobre gerenciamento de uma empresa. Com a necessidade, passei a gostar dessa área. A trajetória da mulher empreendedora tem o diferencial de não parar, de ser dona de casa, de ser mãe, e ela realmente empreende, porque não para de criar de ter novas oportunidades e ter ideias”, finalizou Ana Karla Castro.
Assim como Ana Karla e Jaque, a busca pela renda própria e liderança do seu negócio atraiu a jornalista Tallita Marques, que teve que tomar duras decisões, como pedir demissão do emprego de carteira assinada para investir no sonho, e conquistar flexibilidade para cuidar do filho.
“Em 2014, o cenário econômico não era tão instável e tinham-se boas perspectivas. Eu estava com um filho com pouco mais de um ano e estava buscando mais flexibilidade no meu horário, e surgiu o empreendedorismo. Eu tinha dois empregos com carteira assinada, e pedi demissão para fazer um trabalho rápido, mas que iria me ajudar a capitalizar para ter meu negócio junto com meu marido”, disse Tallita que apostou numa aréa que ela já frequentava, que é o ambiente de cafeteria.
“No Recife, não tínhamos um local com uma cafeteria com um conceito diferente, daí lançamos o Malakoff em um local próximo de casa para administrar os dois facilmente”, destacou Tallita, sócia do Malakoff Café.
O negócio da jornalista com o marido deu resultado e, segundo ela, para 2019 uma das metas está em trazer o modelo de franquia para o seu negócio. “Estamos trabalhando para fazer com que as lojas sejam franquias. A pessoa vai comprar nossa marca, e ter nosso projeto. No futuro teremos só a franqueadora. Estamos em negociações, tudo caminhando para poder definir. Conversamos com interessados em João Pessoa e em Olinda”, contou a jornalista ressaltando que o tempo livre que buscava, hoje, toma muito o seu tempo. “Se a pessoa quiser empreender precisa saber que não vai ter muito tempo livre, mas é algo que nos tempos atuais vale muito, para não ficar refém do mercado, por conta de mudanças na legislação”, finalizou.
Diferença
Quando se fala sobre os rendimentos médios de carteira assinada em ambientes de trabalhos, elas ainda recebem cerca de 3/4 a menos do salário dos homens. A conclusão é do IBGE conforme “Estatísticas de gênero- Indicadores sociais das mulheres no Brasil”. De acordo com o levantamento recente, em 2016, os homens recebiam R$ 2.306 e as mulheres tinham um salário de apenas R$ 1.764.
Segundo consultora, a busca das mulheres pelo empreendedorismo na maioria das vezes é pela necessidade, e pelas desigualdades no mercado de trabalho, como a diferença salarial. “Ela vai por não conseguir algo que satisfaça e vê no empreendedorismo uma saída. A participação das mulheres na sociedade como um todo e em cargos de comando, de chefia, que antes eram ocupados por homens, é fundamental. A mulher nos negócios é importante por trazer características que fazem com que o negócio dê certo. A participação das mulheres traz um novo olhar”, disse.
O fato da mulher superar os homens em negócios no estágio inicial mostra o potencial que elas têm para comandar um negócio. “O número de empreendedoras vem crescendo. Muitas empreendem no segmento que possuem identificação maior. Ela procura algo que goste e se identifique e não visa unicamente o retorno financeiro. Prioriza a identificação com o serviço. A mulher tem uma dinâmica de trabalho muito boa, ela é mais detalhista, e isso acaba sendo um diferencial, as características femininas ajudam”, afirmou.
FONTE: FOLHA PE
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