Apesar da participação expressiva do varejo independente nos países da América Latina, que representa em média 98% do total de supermercados, a tendência para os próximos anos é que os canais modernos ganhem cada vez mais relevância na região. Além disso, a venda por dispositivos móveis, ainda incipiente, também deve avançar nos mercados latino americanos.
São essas as principais conclusões da empresa de consultoria Euromonitor, através do estudo “Tendências de varejo na América Latina”, divulgado ontem (20) durante a Feira do Empreendedor do Sebrae. “De maneira geral, o que podemos observar no varejo latino americano é a forte presença do comércio tradicional, que seriam os pequenos ‘mercadinhos’ independentes”, afirma a analista de pesquisa da Euromonitor, Marília Borges.
De acordo com ela, a disseminação desse formato de negócios é ampla em todos os países da região, mas a tendência que vem sendo observada nos últimos anos é de um crescimento da participação dos canais modernos (supermercados, hipermercados e formatos de vizinhança das grandes redes).
“Vemos que as varejistas desses canais têm ganhado expressão de maneira geral em toda a região, tendência que deve continuar daqui para frente. No Brasil, por exemplo, percebemos com muita força o crescimento das lojas de proximidade, o que representa uma competição forte com as varejistas independentes, principalmente nas cidades do interior”, diz.
Segundo o levantamento, os principais fatores que explicam a perda de evidência do varejo independente são: primeiro as vantagens competitivas dos grandes players, tanto em preços quanto em variedade de produtos; e segundo a resistência dos mercados tradicionais em aceitar cartões de débito e crédito, a despeito dos consumidores estarem cada vez mais dependentes desses métodos de pagamento.
Mesmo com a representatividade muito alta do comércio independente na região, em pontos de venda, o gerente de pesquisa da Euromonitor, Alexis Frick, aponta que em se tratando do faturamento a fatia das grandes redes já é equivalente a das independentes. “Esses 98% estamos falando em número de lojas. Em termos de faturamento, cada um dos canais representa em torno de 50% do total do varejo alimentar na América Latina”, pontua Frick.
Vendas mobile
A respeito das vendas através de dispositivos móveis, Marília afirma que apesar do consumidor latino americano ser muito engajado com os smartphones e tablets – a ponto do uso desses dispositivos ser mais alto na região do que em outros locais do planeta -, esse engajamento não tem se traduzido efetivamente em compras. Segundo ela, essa realidade é ainda mais latente em países como Peru, Equador e Colômbia. “Nesses mercados o canal on-line ainda é bastante incipiente. Então antes de chegar no mobile esses países têm que passar pelo processo de evoluir as vendas no on-line. O mobile seria o próximo passo.”
Mesmo em economias como a brasileira e a argentina, onde esse primeiro passo já foi dado, ela aponta que as estratégias mobile ainda estão muito imaturas. “Muito sites de varejistas ainda não são responsivos, e isso desestimula muito o consumidor a comprar através dos dispositivos móveis”, explica. De acordo ela, para que a América Latina atinja os patamares globais de vendas por dispositivos móveis ainda deve demorar alguns anos. “Vai variar de mercado para mercado. Alguns países que estão ‘engatinhando’ e outros já tem um caminho andado. De modo geral, no entanto, vai ser algo que não ocorrerá no curto prazo”, afirma.
Fonte: DCI