O que os mercados da América do Norte, Oriente Médio, Portugal e China podem agregar ao franchising brasileiro

O que os mercados da América do Norte, Oriente Médio, Portugal e China podem agregar ao franchising brasileiro

As especificidades, melhores práticas, atrativos e aprendizados do mercado internacional e desafios de redes internacionais para entrar no Brasil foram alguns dos temas abordados no foram abordado no painel “Franchising transcontinental”, realizado no 10º Fórum Internacional de Franquias e Redes de Negócios.  Com foco nos mercados da América do Norte, Oriente Médio, Europa e China, o painel teve como debatedores o Mark Siebert, CEO do iFranchise Group, Sara do Ó, CEO do Grupo Your, e Eduardo Yamashita, COO do Grupo GS& Gouvêa de Souza.

“Apenas 5% das franqueadoras fazem o processo de expansão internacional, mas as oportunidades são gigantescas. Para isso, o franqueador precisa ter em mente que há desafios, como a relação interpessoal e conhecimento das características do mercado em que se deseja atuar”, destacou João Brito, diretor comercial do Grupo BITTENCOURT, na abertura do painel.

Mark Siebert abordou o mercado dos Estados Unidos, Canadá e Oriente Médio. O CEO ressaltou as mudanças o tamanho do mercado na América do Norte, no qual os Estados Unidos se destacam com 3.500 marcas de franquias, enquanto o Canadá possui outras 1.300. A tendência de multifranquias, como o Roark Capital Group, vem se fortalecendo nos últimos anos, fruto da maturação do mercado.

Há obstáculos para investidores como a falta de conhecimento sobre o franchising, a percepção de grande complexidade legal, falta de recursos para um novo mercado e o receio de competir contra redes americanas. Ainda assim, a América do Norte apresenta como oportunidades o conhecimento do sistema por parte dos franqueados, regulamentação legal que permite conforto aos franqueados, uso crescente de tecnologia, acesso a uma rede de fornecedores de serviços que prestam suporte e acesso facilitado ao capital. 

Siebert elencou como fatores essenciais ao sucesso o recrutamento de franquias de qualidade, ouvir os franqueados, certificar-se do engajamento da franqueados e exercer a liderança com credibilidade.

Em seguida, o CEO do iFranchise Group abordou o mercado do Oriente Médio. A região possui PIB combinado de 1,9 trilhão de dólares, mas ainda um pequeno mercado de franquias, que gera cerca de 3º bilhões de dólares anuais. Por isso, o crescimento vem acontecendo de forma expressiva nos últimos, com média de 27% ao ano. A Arábia Saudita representa o maior mercado e os Emirados Árabes o país com maior abertura econômica.

Mark Siebert recomendou cuidados como estudar o mercado para saber que regiões são mais abertos a receber determinados negócios e liberação de financiamento. É preciso considerar as especificidades dos negócios. Existem ainda desafios como diferenças culturais, disponibilidade de imóveis, características da mão de obra e variações do poder de investimento de acordo com o mercado de petróleo.

Ele encerrou dando dicas para investimentos internacionais como um todo. Para Siebert, é preciso estabelecer uma marca e reputação com modelo de operação sólido e que permitam ser replicados; otimizar receitas e custos, adquirir experiência e desenvolver um plano sólido, com recursos para executar seu plano.

Em seguida, Sara do Ó, CEO do Grupo Your, ressaltou o mercado europeu, com foco em Portugal. Para ela, o país lusitano é a porta de entrada para a Europa, com cerca de 60% de marcas locais ocupando o franchising. Dessa forma, há espaço para novos investidores.

A Europa vem oferecendo incentivos à entrada de capital estrangeiro nos últimos anos. Houve mudanças como a união do mercado de capitais, a criação do Portal Europeu de projetos para investimentos, a implementação da plataforma europeia de aconselhamento ao investimento e o “Horizonte 2020”, que oferece benefícios como aumento de informações sobre negócios, melhor acesso a incentivos e auxílio no desenvolvimento

Portugal possui apenas 610 marcas operando franchising no país atualmente. O segmento é tímido, representando apenas 2,8% do PIB, o que mostra grande potencial de crescimento. O país é o 15º maior mercado do continente europeu, com potencial de crescimento em áreas como serviços; alimentação; saúde e beleza. Sara citou como casos de sucesso as marcas Viva Fit e Wink, ambas voltadas para o público feminino.

Ela encerrou listando dez razões para apostar no franchising em Portugal: país que registra maior crescimento do turismo (+81,% ao ano); um dos menores custos de vida da Europa, 4º país mais pacífico do mundo; incentivos ao investimento como visto D2 Portugal, Visto Startup e Estatuto Residente Não Habitual; taxas de desemprego concentrada em jovens qualificados; infraestrutura; grande estabilidade política; clima; localização estratégica; e investimentos em inovação e tecnologia.

Encerrando as discussões, Eduardo Yamashita, COO do Grupo GS& Gouvêa de Souza, abordou o dinâmico mercado da China, demonstrando o que o gigante asiático pode ensinar ao varejo, para redes e franquias de negócios. A sociedade chinesa é altamente digitalizada e conectada, com uma dinâmica de consumo diferenciada.

Comparando ao caso brasileiro, enquanto o Brasil incluiu 30 milhões de pessoas em 10 anos durante seu boom, a China colocou 300 milhões de pessoas no mercado e ainda possui outras 350 milhões para alcançar status de consumo. O crescimento consistente da economia chinesa perdura há duas décadas, com o país alcançando o status de maior mercado de consumo do mundo já em 2019.

O país é imensamente digitalizado, com 98% das relações se estabelecendo através dos smartphones. O e-commerce representa por 35% do mercado, enquanto nos Estados Unidos chega a 11% e Brasil a 4%. As empresas se reinventaram estruturalmente por meio dos ecossistemas de negócio. “Todos os dias nascem ecossistemas de negócios na China. Isso acontece em todas as vertentes de negócios com amplitude. Quando se olha os ecossistemas, parece que eles estão jogando um jogo diferente”, explicou.

Os ecossistemas são organizações sem fronteiras, com negócios independentes, mas fortemente conectados, coordenados por um agente central, inovações através da união de competências, totalmente digitalizados, obsessivos por dados e customer centric. O grande valor gerado vem da sinergia dos negócios – independentes não são relevantes, mas combinadas geram muito valor.

Citando o mais conhecido deles, o Alibaba, Yamashita explicou o formato de organização. A estruturação do núcleo acontece nas plataformas de Market place. Em volta, existe a camada de cola ou de suporte, como a logística, pagamento, última milha, processamento em nuvem. Por fim, há o núcleo expandido – empresas que vão surgindo ou sendo incorporadas.  Os ecossistemas influenciam o dia a dia dos consumidores por acelerar o ritmo de aceleração e aumentar.

Foto: StudioLopes