Chega agora no mês de abril, a primeira data que movimenta o calendário do varejo do ano. A Páscoa, que antecede tantas outras datas importantes como dia das mães, pais e namorados, acaba sendo um primeiro termômetro do consumo mostrando ao mercado o humor dos brasileiros em destinar parte do orçamento para presentes e pequenas indulgências.
Todos os anos vemos notícias sobre o quanto o preço dos ovos de páscoa aumenta, enquanto o peso e tamanho diminuem. Os consumidores estão atentos a isso e mais ainda, procuram alternativas de presentes para fugir dos abusos da data.
“Com isso, em 2017 vemos um movimento de empresas de outros segmentos não relacionados com o consumo de chocolates e ovos de páscoa também se apropriarem da data para esquentar sua atividade econômica. E aquelas que tem como foco os chocolates começam a tatear novos canais de venda. Tudo isso para fazer o consumidor abrir o bolso e investir em seus produtos e serviços” diz Claudia Bittencourt, diretora geral do Grupo BITTENCOURT.
Um estudo realizado pelo Grupo BITTENCOURT captou as principais ações do varejo, e sobretudo, quais as ações das redes de franquias para esse período.
Como anda o mercado de chocolates
Os benefícios do chocolate são inúmeros, além de fornecer uma sensação prazerosa para os chocólatras, é capaz de fornecer diversas vantagens para a saúde se consumido moderadamente – desde uma injeção de energia e até ser um excelente antioxidante. Contudo, no ambiente macroeconômico, os chocolates carregam consigo o peso inflacionário, sobretudo em tempos que o consumo é aquecido, como em meados de abril e junho, influenciado tanto pela páscoa quanto inverno.
De acordo com a ABIA – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, o faturamento líquido da indústria de Chocolates e Cacau registrou um aumento de 5,8% frente ao ano passado, e um avanço de aproximadamente 38% nos últimos seis anos. Uma das variáveis que explica tal crescimento é a paixão do brasileiro pelo doce. O Brasil é o quinto maior mercado consumidor de chocolates no ranking global, com um consumo per capita anual de 2,5 quilos, segundo a pesquisa do Ibope encomendada pela ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados.
A preferencia do brasileiro pelo chocolate pressiona o preço do produto. O índice inflacionário atingiu seu maior pico em 2016, registrando uma alta 19,2% e 13,6% (vide gráf. abaixo). Além dos indicadores inflacionários pressionados tanto pelo consumo, quanto pela política econômica, a AIPC (Associação das Indústrias Processadoras de Cacau) informou que houve uma forte queda de 27% na produção de cacau na Bahia (maior produtor de cacau no Brasil) no último ano, por conta da seca que se agravou, tornando inevitável importação maior da matéria-prima, pressionando ainda mais a inflação no período. O maior parceiro importador de cacau para o Brasil é Gana.
O mercado de chocolates no Brasil também é determinante para o funcionamento da economia como qualquer outro do setor alimentício, possui uma alta capacidade geradora de empregos, sobretudo em períodos sazonais como a páscoa. De acordo com a ABICAB, o período gera em torno de 25 mil empregos temporários no Brasil.
Contudo, mesmo com todo esse potencial, o setor também sofreu com a crise do último ano. O volume de produção de ovos de páscoa registrou uma queda de aproximadamente 27% – foram fabricadas 19,7 mil toneladas em 2015, enquanto 2016 foram apenas 14,3 mil toneladas de chocolates.
Em resposta ao desempenho do ano passado, o mercado em 2017 se mostrou mais cauteloso. As novidades apresentadas pelas fabricantes em 2017 tiveram queda de 18%, ou seja, apresentaram 120 produtos novos para a data comemorativa, sendo que no ano anterior foram 147 novidades.
Além do entrave econômico, outro fator que interfere nas marcas tradicionais é a concorrência dos produtos artesanais, que em alguns casos, podem até ser mais caros, mas proporcionam a sensação de exclusividade tão desejada pelos consumidores atuais.