Para conciliar saúde e alimentação, 66% dos brasileiros se mostram dispostos a pagar mais pelas refeições balanceadas. O número, divulgado pela Nielsen, aponta o potencial do consumo desses itens, ainda que o segmento de restaurantes voltados à alimentação saudável tenha crescido menos que a média do setor ano passado.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de alimentação cresceu, em média 8,8% ao longo do ano passado, resultado um pouco melhor que de estabelecimentos especificamente voltados à alimentação saudável, onde o avanço no mesmo período, sobre 2015, foi de 6,6%. O motivo, segundo o diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi, é que as empresas que não atuam especificamente nesse mercado – de olho no potencial desse tipo de alimento – têm incrementado opções mais balanceadas em seus cardápios.
“O que estamos observando, principalmente no Brasil, é o fato das pessoas estarem deixando de fazer alimentação no lar. Por conta disso, as empresas estão buscando um mix de produtos com alimentos mais saudáveis; com uma oferta mais balanceada e maior valor nutricional’, contou o executivo ao DCI, lembrando que cerca de 51% das empresas de alimentação oferecem algum tipo de opção saudável em seu menu.
O Pedidos Já, plataforma de delivery on-line, admite a melhora na procura e demanda, mas alerta que o fenômeno pode estar ligado ao período do ano. “Sentimos uma alta no número de restaurantes no setor. Além de mais estabelecimentos, houve aumento da procura pelo consumidor. A estimativa é de continuar crescendo. Por ser verão, as pessoas querem colocar mais opções saudáveis no prato, seja na rua ou em casa”, informa a gerente comercial da empresa, Bruna Rebello.
Foco na saúde
Mesmo com um crescimento pouco menor que a média do mercado de alimentação em geral, empresas que atendem exclusivamente o público interessado em alimentação balanceada têm feito planos de expansão no País. Exemplo disso, a Lucco Fit, que vende pratos congelados, está inaugurando a sua primeira loja física, na região da Bela Cintra, em São Paulo. Consolidada através de seu serviço de e-commerce, ela pretende faturar cerca de R$ 700 mil com a nova loja, além de R$ 1 milhão com a plataforma on-line em 2017. Para o sócio-fundador da empresa, Gustavo Ribeiro, o foco do negócio é o público jovem, que trabalha e tem pouco tempo para cozinhar. “O conceito dessa loja é que o consumidor consiga pegar nossa comida congelada e escolher se prefere consumir no local ou levar para casa. Como a gente fica até às 21 horas, também atendemos àquela pessoa que passa na loja depois do trabalho e leva o produto para consumir em casa”, diz Ribeiro, lembrando que a marca também vai operar por meio de franquias. A Lucco Fit pretende abrir outro estabelecimento próprio em São Paulo ainda neste ano, que será no Itaim Bibi ou em Moema. Para a primeira loja física, a empresa investiu cerca de R$ 200 mil.
Também brigando por uma fatia deste mercado, a Vip Food, que faz entrega marmitas saudáveis para atender a demanda dos consumidores fitness, está investindo cerca de R$ 120 mil em um novo centro de distribuição, com câmaras frigoríficas e ultracongeladores mais potentes. Para este ano, o fundador da empresa Albert Kribely informa que a Vip Food estima dobrar o lucro de R$ 200 mil obtido em 2016. As marmitas ainda podem ser encontradas em freezers de algumas lojas físicas e nutricionistas parceiros.
No Sucão, franqueadora de alimentação saudável com ampla atuação no interior de São Paulo, visa continuar expandindo neste ano para inaugurar a sua primeira unidade na capital do estado. Sobre a atuação da empresa, o sócio-fundador Ricardo Mesquita explica: “Trabalhamos com produtos como saladas, frozen, lanches naturais, salgados integrais, e o carro-chefe que é o suco, como diz o nosso nome. Nós temos cinco lojas próprias e sete franquias. Inauguramos a primeira loja em Campinas, a matriz, no ano de 1975. De sucos, temos de 80 a 100 opções diferentes.”
Para este ano, a tendência é que o segmento de alimentação siga com sinais de recuperação frente à inflação, mas, diante do número crescente de empreendedores, Tieghi adverte: “Para começar um negócio, é necessário conhecer sobre o sistema de franquias, sobre a ótica dos temas e não somente sobre aquele segmento ou marca. Ele deve gostar e se identificar com o segmento escolhido. Outro ponto é que os candidatos devem se submeter a processos seletivos de três marcas do setor, para que ele perceba as diferenças entre as atuações de mercado delas.”
Fonte: DCI