2014-08-25
Franqueados que possuem negócios de mais de uma rede dividem o mercado: enquanto alguns franqueadores dão preferência a eles, outros os veem com maus olhos e exigem exclusividade.
Victor Pereira, 42, entrou no ramo de franquias há 11 anos. Hoje, tem quatro lojas da rede de produtos naturais Mundo Verde, duas do fast-food Subway e acaba de abrir duas tabacarias Candice Cigar Co.
“Não queria botar todos os ovos numa cesta só”, diz.
Segundo Lyana Bittencourt, sócia e diretora de Marketing e Desenvolvimento do Grupo BITTENCOURT, especializado em franquias, os franqueados “multibandeiras” estão sendo cada vez mais requisitados.
“Isso já é mais comum em mercados mais maduros, como o norte-americano, que têm uma cultura de franqueados profissionais. Eles conseguem desenvolver competências gerenciais de diversas unidades franqueadas”, diz.
Segundo ela, o grupo participou recentemente de um projeto da adidas em que a rede buscava franqueados que tivessem como pré-requisito negócios de outras redes.
Foi o caso de João Luis Félix Filho, 27, que já tinha cinco lojas da Hering, duas da Hering Kids e duas franquias do restaurante Madero quando fechou com a Adidas.
“Na Hering e na Hering Kids, cresci o quanto pude. Depois, eu e meu sócio quisemos diversificar”, afirma.
Ele diz que, para conseguir administrar todos os negócios, conta com uma equipe de confiança que faz a gerência de cada operação.
“Seria impossível se o trabalho dependesse só de nós dois. Não há como ser aquele franqueado ‘barriga no balcão’, estar em todas as operações”, afirma ele.
No entanto, há redes que preferem franqueados operadores. É o principal motivo que faz a Dídio Pizza exigir exclusividade de seus franqueados. Segundo Elídio Biazini, 55, presidente da rede, eles não podem ter franquias de outra rede ou qualquer outro negócio próprio.
“Não acreditamos que nosso negócio seja para investidores. O franqueado precisa estar presente na operação e ter dedicação integral”, diz.
A Mr. Beer, franquia de cervejas especiais, não vê problemas em ter franqueados de outras redes, desde que não sejam de marcas concorrentes. “Vejo com bons olhos. Ele já é um varejista, entende de negócios, atendimento ao cliente etc. Já elimina metade do meu discurso inicial”, explica Fernando Fernandes, 42, diretor de operações.
No entanto, Fernandes diz que cobra dos empreendedores a presença na operação. “Qualquer negócio precisa da presença do dono. Se você deixa funções estratégicas da empresa na mão de funcionários, você pode se dar mal.”
Entre as marcas que exigem exclusividade do franqueado, estão o McDonald’s e a Dídio Pizza.
Algumas outras empresas conhecidas permitem que o fraqueado tenha lojas de outras marcas, desde que elas não sejam de concorrentes. É o caso de Kopenhagen, O Boticário, Fisk e Mr. Beer.
Por fim, há marcas que não têm restrições para os seus franqueados, como Mundo Verde e Onodera.
Do ponto de vista do franqueado, ter lojas de diferentes marcas pode ajudar a balancear o faturamento, especialmente em negócios com caráter mais sazonal.
A falta de exclusividade, porém, pode, segundo os opositores da “poligamia”, enfraquecer a relação de parceria com o franqueador.
Para a especialista Lyana Bittencourt, a possibilidade de otimizar recursos é uma vantagem dos franqueados multibandeiras procurados por grandes redes. “Eles têm uma estrutura para suas operações. Podem otimizar a seleção e contratação de funcionários, por exemplo.”
É o que o franqueado João Luis Félix Filho pretende fazer com a abertura da franquia da adidas. Ele, que já adota remuneração variável nas suas lojas, quer utilizar o novo negócio para incentivar os seus funcionários.
“Em vez de abrir uma seleção externa, vou promover um dos meus funcionários de outra rede”, afirma.
Fonte: Folha de S. Paulo
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