Grupo Bittencourt
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É hora da cultura do compartilhamento

Grande parte dos empresários estava preparada para enfrentar um 2016 ainda mais hostil do que os anos anteriores. Os índices econômicos davam indícios negativos, iniciado alguns ciclos antes, e eram poucos os motivos que faziam o varejo acreditar em ventos promissores.
O sócio-fundador da Casa do Construtor, Altino Cristofoletti, era um desses empresários. Acostumado a crescer na casa dos dois dígitos, ano após ano, ele sabia que não teria o mesmo desempenho em 2016, mas batalhava para que o resultado não fechasse no vermelho. Eis que, ao longo do ano, um novo perfil de consumidor começou a despontar nos seus indicadores. O cliente pessoa física, que antes era minoria, passou a compor grande parte do faturamento da marca, o que colaborou para os resultados finais.
De acordo com a rede, houve um crescimento de 21% do perfil pessoa física sem ligação com o mercado de construção civil, correspondente a 15% dos novos contratos.
O novo perfil reduz o tíquete médio, mas aumenta a frequência e o público potencial para a marca. “Conseguimos manter nosso resultado por conta do cliente pessoa física. A tendência agora é de compartilhamento, isso ajuda a divulgar mais a marca. Vamos pensar em novos modelos de locação inspirados no novo comportamento do cliente”, adianta o executivo.
Não foi apenas a Casa do Construtor que notou a mudança no perfil de consumo nos últimos anos. Estimulados por serviços disruptivos como Uber e Airbnb, os consumidores têm exigido novas opções das franquias. “Esse novo comportamento está influenciando o franchisng. Tanto positivamente quanto negativamente, dependendo da postura dos franqueadores e dos franqueados“, afirma a diretora do Grupo BITTENCOURT , Claudia Bittencourt.
O franqueador precisa aprimorar o olhar para acompanhar a velocidade com que as mudanças têm ocorrido, impulsionadas pela tecnologia, de acordo com a especialista. “Temos que alertar os empresários que todas as ações são potencializadas. A não-ação para o que acontece no digital vai atingir a marca. Em rede, tudo é muito rápido, o efeito não é em uma unidade“, explica.
Empresas (ainda) não se adaptaram
O consumidor não mudou, é o mesmo, mas com novos hábitos. “Existem várias consequências do acesso universal à informação. O cliente está preocupado se a empresa tem propósito, se trabalha em um ambiente sustentável, se trata bem os funcionários ou se o produto não é fabricado em regime de semiescravidão. A geração está muito atenta a isso“, explica Claudia.
Ainda não está claro na mente das empresas as mudanças pelas quais o mercado está passando, na visão da especialista. “Não adianta criar uma promoção on-line e não disponibilizar wi-fi na loja para o funcionário. Precisa estar inserida no ambiente digital como um todo, não uma ação no Facebook ou contratar o Google. Ele precisa implantar uma cultura digital, de forma mais concreta“, aconselha.
O empresário precisa ter ferramentas que mostrem quem é o cliente, de onde ele veio, qual o histórico de compra. “Hoje muitas empresas não sabem disso. Isso não é tendência, é realidade. Ele pode perder espaço para startups. Se não cuidar, não se reinventar, não adequar estratégias para as empresas, não vai conseguir sobreviver“, alerta.