Axxon compra controle da calçadista gaúcha Usaflex

Axxon compra controle da calçadista gaúcha Usaflex

2016-12-01 Participações, controlada pela gestora de fundos de investimento Axxon Group, conclui hoje a compra de 69,76% do capital da calçadista gaúcha Usaflex. O valor da aquisição foi mantido em sigilo pelas companhias. O Axxon geralmente faz aportes entre R$ 75 milhões e R$ 300 milhões por empresa. A gestora de fundos, que administra R$ 2,2 bilhões em ativos, informou que já tem planos para dobrar a operação da Usaflex em seis anos e avalia outras aquisições no setor calçadista. "A Usaflex tem oportunidades de gerar valor de forma orgânica ou com aquisições. Ela tem potencial para sair de um faturamento de R$ 300 milhões por ano e chegar a R$ 745 milhões até 2022", afirmou Sergio Bocayuva, co­investidor do Axxon Group e escolhido como novo presidente da Usaflex. Esse salto, segundo ele, será feito com investimento em tecnologia, aumento da capacidade fabril, abertura de franquias e aquisições de empresas com linhas complementares.  "Já estamos avaliando outras aquisições nos setor", disse Bocayuva. A Usaflex é uma companhia de capital fechado fundada há 18 anos em Igrejinha (RS) pela família Lauck, com foco em calçados femininos com conforto e calçados ortopédicos. Em 2015, registrou uma receita líquida de R$ 232,9milhões, com queda de 1,7% em relação a 2014. O lucro líquido foi de R$ 12 milhões, um recuo de 36,8%, devido ao aumento demdespesas administrativas e financeiras. A companhia possui sete fábricas, todas no Rio Grande do Sul. A Usaflex produz 25 mil pares de calçados por dia. As vendas são feitas em redes de varejo multimarcas, no total de 7,7 mil lojas. A companhia também opera com 111 lojas fidelizadas ­ que vendem a marca Usaflex com exclusividade. A companhia é a sexta maior no setor de calçados em margem líquida de lucro, com margem de 5,2%, atrás de Grendene (27,4%), Beira Rio (13,6%), Arezzo (10,7%), A.Grings (8%) e Alpargatas (6,6%). Bocayuva disse que o primeiro passo a ser tomado na Usaflex é acelerar a transformação de lojas fidelizadas em franquias. Até o fim deste ano, 25 das 111 lojas passarão por esse processo. Em cinco anos, a meta é chegar a 341 lojas de franquia. "Com a franquia, a companhia terá mais controle de estoques e vendas, mais acesso aos consumidores e maior exposição da marca", disse o executivo. Atualmente, 80% da receita da Usaflex vem de vendas para multimarcas e 20% das lojas fidelizadas. A meta é aumentar o percentual com franquias para 35% da receita em seis anos. No mesmo prazo, Bocayuva prevê dobrar as vendas no varejo multimarcas com o aumento da distribuição para cidades de menor porte. O executivo disse ainda que pretende ampliar as linhas de produção já neste ano e construir duas fábricas nos próximos três anos, para atender a esse aumento de vendas. "As fábricas serão localizadas na região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Já estamos validando os locais", disse Bocayuva. Esse otimismo, segundo Bocayuva, deve­se à tendência global de aumento da demanda por calçados femininos mais confortáveis. Ele disse ainda que a empresa precisa reforçar ações de marketing para tornar a marca e seus produtos mais conhecidos do público. "As pessoas veem a Usaflex como calçado de vovó e as coleções atuais já possuem muita informação de moda, isso precisa ser apresentado ao consumidor", disse. Juersi Lauck, fundador da companhia, disse que a família já planejava há alguns anos expandir a sua operação, mas precisava de capital para levar adiante o seu projeto de franquias. "Passaram inúmeros pretendentes pela empresa, mas não tive confiança como tive com a Axxon. Por isso escolhi o fundo para fazer parte desse projeto de expansão", afirmou Lauck. O Axxon Group foi fundado em 2001 e capta recursos de investidores estrangeiros institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, para investir em empresas familiares de médio porte no Brasil. O grupo já investiu em 13 empresas no Brasil, e adquiriu participações pequenas em outras 14 companhias. O fundo foi controlador da varejista Mundo Verde e da fabricante de produtos veterinários Vetbrands, por exemplo. Atualmente, controla a Vivante, empresa de manutenção industrial e gestão predial, e a BR Marinas, do segmento náutico. Os principais veículos de investimentos do Axxon são os Fundos II de 2011, com capital comprometido de US$ 320 milhões, e o Fundo III de 2015, com capital comprometido de US$ 410 milhões. A compra do controle da Usaflex já recebeu aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), sem restrições. Após a entrada no capital da companhia, a família Lauck passa a ter 10% de participação na Usaflex e a família Buneder, outra sócia da companhia, fica com os 21% restantes. Como parte do negócio, a Usaflex passa a ter um conselho de administração com seis membros, em vez de cinco. Ao todo, serão quatro cadeiras com membros escolhidos pelo Axxon Group. O sócio fundador Juersi Lauck terá uma cadeira e Waldir Buneder, outra antiga sócia da Usaflex, terá outra cadeira. Marcelo Cavalheiro e Mafaldo Júnior, ex­sócios do Mundo Verde com o Axxon Group, também passam a ser diretores da companhia. Juersi Lauck, fundador e até então presidente da Usaflex, passa a atuar como diretor de pesquisa e desenvolvimento. Fonte: Valor Econômico