Antes de falar em treinamento vale uma reflexão sobre a responsabilidade do franqueador em relação à rede de franquias
A responsabilidade do Franqueador
A partir do momento em que o empresário decide por expandir o seu negócio utilizando o canal franquias ele gera responsabilidades: primeiro em relação à permanência desse negócio no mercado, com um desafio muito grande que é o de manter os produtos ou os serviços competitivos, além da necessidade de se tornar um inovador permanente, líder e motivador . Em segundo lugar ele gera uma responsabilidade social muito grande, uma vez que atrai pessoas para investir na franquia e, muitas vezes pessoas que aplicaram economias de uma vida toda, ou, se desfizeram de um bem acreditando no futuro e na rentabilidade do negócio.
Levando em consideração estes aspectos da responsabilidade e associando-os à essência do sistema de franquias torna-se evidente que treinar e reciclar os franqueados é uma obrigação e não só um dos itens da lista de suporte que os franqueadores oferecem como diferenciais na sua rede, vai além, a co-responsabilidade do franqueador com o sucesso do franqueado é óbvia, transcende à qualquer aspecto legal constante ou não na Circular de Oferta de Franquia.
O Franqueador deve assumir também o papel de educador
Lançar uma rede de franquias no mercado e não cumprir com o papel de educador, orientador, instrutor, consultor ou qualquer outro nome que signifique ensinar o caminha das pedras, fazendo uma analogia um pouco exagerada, é como gerar um filho e colocá-lo no mundo sem nenhuma orientação, não precisamos falar como será o futuro desse ser.
A falta de ação pode emperrar a expansão
Percebe-se que os franqueadores e os potenciais franqueadores sabem exatamente o que devem fazer para ter uma rede de sucesso porém o problema não está no fato de conhecer ou não, e sim na ação, falta a conscientização de que determinados aspectos da gestão de uma rede de franquias – o treinamento por exemplo – , é tão vital para o franqueados que pode representar o sucesso ou o fracasso do franqueado e, além disso, pode representar o fracasso da expansão em rede. Não dá para o franqueador imaginar que um ou mais franqueados insatisfeitos na rede não vão interferir no futuro da expansão desse negócio. Interfere e muito, dificilmente um candidato que conversar com um franqueado insatisfeito vai aderir a essa rede de franquias.
O problema pode ser o franqueado
Sabe-se entretanto que muitas vezes o problema está no próprio franqueado que não vai aos treinamentos, não tem perfil, está desmotivado com o negócio, não tem garra e, esta lista pode ser longa. Este fato deve ser avaliado profundamente pois geralmente existe um motivo para cada tipo de comportamento, um deles pode ser a seleção errada desse parceiro ou a falta de liderança do franqueador.
O que fazer
Portanto, para o franqueador desenvolver uma rede de sucesso precisa cuidar desde o início, ainda na formatação do negócio, em desenvolver ferramentas para o treinamento, reciclagem e avaliação da performance dos franqueados. Além das ferramentas, capacitar profissionais internamente, ou terceirizar, para replicar o modelo de sucesso através dessas ferramentas. Um Manual pode ser “ouro” nas mãos de franqueados bem treinados ou “lixo” nas mãos de franqueados não capacitados, não treinados para utilizar estes Manuais como uma ferramenta de orientação no seu dia-a-dia.
A comunicação empresarial , grande aliado do franqueador
Muito importante ainda quanto à transferência de know-how, por meio dos Manuais e de treinamentos, é o fato da comunicação empresarial, que deve ser utilizada tomando-se por base os princípios e as técnicas da comunicação empresarial eficaz, que são :
Motivação – reconhecimento, premiação, incentivos, que ajudam os franqueados a mudarem, e a desenvolverem e manterem um comportamento e o uso de qualquer ferramenta colocada à sua disposição no mais alto grau de eficiência e eficácia. O uso desse tipo de comunicação depende das situações ambientais da empresa e de que modo o Gerente as manipula;
Direção e liderança – conquistada e não imposta , aqui a participação é a forma dinâmica de relacionamento e interdependência entre o franqueado e franqueador. A falta dessa comunicação leva o franqueado a se distanciar dos objetivos da franquia, por falta de contato com as pessoas certas e conhecimento do que fazer em cada situação;
Técnica – incluem as informações quanto ao objetivo das atividades, as políticas, normas e processos, expectativas de acompanhamento, aconselhamento, desempenho e progresso profissional : os manuais do sistema e /ou o planejamento estratégico da empresa, por exemplo. E aqui é que está o grande erro dos franqueadores, essa comunicação isolada não surte efeito, deve ser conseqüência das duas anteriores.
Complementando, a base para se obter bons resultados aplicando-se os princípios da comunicação empresarial adequada são os Recursos Humanos e Materiais.
Percebe-se que não é tão simples assim, não é a Circular de Oferta de Franquia, o Contrato e os Manuais que vão fazer com que os franqueados operem bem o negócio e sim um conjunto de fatores técnicos, psicológicos e ambientais, poucos percebidos ainda pelos gestores das redes de negócios.
*Claudia Bittencourt é diretora-geral do Grupo BITTENCOURT
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