Grupo Bittencourt
Grupo Bittencourt

Como uma rede iniciante pode concorrer com grandes players do mercado

Se você pensa em investir no seu negócio para que ele se torne uma franquia, não se assuste com o tamanho e a senioridade das redes que já fazem parte do sistema.
O franchising, inegavelmente, tem características que merecem ser consideradas. Uma delas é a capacidade de crescimento exponencial dos negócios, motivado muitas vezes pela atratividade que gera em potenciais empreendedores que buscam investir em um negócio próprio, tanto pelo apelo e propósito da marca como pelo produto e serviço que comercializa.
Muitas redes que hoje atuam no mercado com 100, 200, 500 unidades ou mais, começaram pequenas e concorrendo com grandes players. O grande exemplo são as redes de idiomas mais recentes do segmento, que não se intimidaram com as franquias consolidadas que já atuavam no mercado, com marca e presenças fortes na mente do consumidor. Entraram com  uma nova abordagem, um novo método, com unidades próximas do seu público-alvo, gerando conveniência para o consumidor e ganharam também seu espaço no mercado.
Outro exemplo são as docerias, que entraram com uma proposta de valor diferenciada, proporcionando ao investidor a condição de ter um negócio com um investimento acessível e com uma rentabilidade atrativa e de boa remuneração para o capital investido.
Portanto, o fato de estar iniciando no franchising não significa que a rede terá dificuldade em concorrer com grandes players do mesmo segmento. Ao contrário, o mercado e o consumidor a enxergam como mais uma opção de consumo e de experiência. O sucesso vai depender do quanto a empresa está estruturada para enfrentar as dificuldades consideradas normais de uma empresa iniciante e da perseverança e flexibilidade de seus gestores para mudar rotas, rever políticas e estratégias de entrada no mercado. A  curva de aprendizagem dessa nova rede tem um tempo para a sua maturidade e o empresário deve ter consciência clara desse processo.
Algumas recomendações são muito importantes, entre elas:
1.    Um bom plano de negócio e uma formatação do modelo de franquias embasada tecnicamente, com as simulações financeiras da operação do franqueado e da franqueadora em bases reais e possíveis. O papel aceita tudo, e a viabilidade de um modelo de franquias vai muito além de um contrato e de manuais como ainda vemos no mercado.
2.    O produto ou serviço tem que atender uma necessidade do consumidor e o layout da loja, no caso de varejo, ou da unidade prestadora de serviços – uma lavanderia, ou uma escola ou clínica de estética – deve ser atrativo, acolhedor e passar a mensagem de segurança, qualidade e bom atendimento, este último, vital para qualquer operação franqueada.
3.    Antes de iniciar no franchising, deve-se avaliar muito bem a cadeia de valor e de suprimentos do negócio. Qual a condição de atender os franqueados de forma que tenham possibilidade de gerar vendas e alcançar os resultados projetados? Qual o nível de dependência que o futuro franqueado terá da franqueadora? E, o quanto ela está preparada para dar o suporte necessário aos franqueados da rede? Estas são questões que devem estar equacionadas antes da concessão de franquias.
4.    E a transferência de know how como vai ser? Quem detém o know how? Como tangibilizar isso para o franqueado? Será que uma indústria que decide ir para o varejo com o franchising detém competências internalizadas para ensinar a atuar no varejo? Aqui não vale vaidade e presunção, via de regra, elas não estão prontas. Precisam de ajuda para incorporar na sua estrutura profissionais com essas competências ou contar com a ajuda de uma consultoria especializada.
5.    E quem vai ser o franqueado? Essa definição está alinhada com as características da operação do negócio? Trata-se de mais uma definição importante, pois autorizar a entrada de empreendedores só pelo capital que possui é um risco alto para os dois lados. Além de recursos financeiros, esse investidor/empreendedor deve ter afinidade com o negócio, disponibilidade para ficar na operação e também capital para sustentar o negócio até que atinja o ponto de equilíbrio.
6.    E o plano de expansão? Quais os mercados potenciais para esse tipo de negócio, por onde iniciar a expansão e que mercados são prioritários para abrir as primeiras unidades? Um estudo dos mercados potenciais e o planejamento para a abertura das unidades é outro fator que deve ser bem definido e estruturado.
Se a empresa cuidar desses e outros aspectos que envolve a estrutura, processos, tecnologia e pessoas, não há porque ter dúvidas, terá condições sim de concorrer com os grandes players e ganhar market share.
Lyana Bittencourt é sócia e diretora de Marketing e Desenvolvimento do Grupo BITTENCOURT.