Essa evolução vertiginosa das tecnologias, que constantemente buscam aprimorar a matéria e o que físico, bem como gerar riquezas, é algo que tem guiado a estratégia das empresas. Muitas vezes, essa busca ocorre a qualquer custo, em uma intensa competição entre os diversos atores em todos os setores. As redes sociais se apresentam como um exemplo notável desse contexto, em que as empresas que dominam essa forma de comunicação e demonstram suas competências em produtos e serviços saem na frente. Surgem verdadeiros fenômenos impulsionados pela habilidade de envolver e cativar o público-alvo. No entanto, tudo isso é permeado pela incerteza, uma vez que a aparência do belo nas redes sociais nem sempre corresponde à realidade, e distinguir entre essas estratégias de envolvimento e encantamento não é uma tarefa fácil.
Ainda na mesma linha, o “ter” continua em evidência e em primeiro plano na vida de muitos, a corrida para o desenvolvimento profissional e para o empreendedorismo nunca foi tão priorizada e o tempo em que as pessoas querem realizar e conquistar seus sonhos está cada vez mais curto nos últimos tempos. Os jovens querem crescer rápido profissionalmente, querem feedback sobre seu trabalho o tempo todo porque precisam suprir gaps que, porventura, tenham no seu aprendizado e na sua carreira. Já o empreendedor, esse quer que o seu negócio atinja o sucesso em pouco tempo, muitas vezes a curva de aprendizado não lhe permite tal proeza e pode ficar no meio do caminho, conforme mostram as estatísticas de mortalidade de negócios conduzidos por empreendedores iniciantes no Brasil.
Tal fenômeno tem uma participação grande das redes sociais. O sucesso de muitas empresas e a chegada no topo cada vez mais rápida dos executivos, muitas vezes muito jovens, são ultra valorizados e divulgados em todos os canais de comunicação, criando verdadeiros estereótipos de poder e de alta performance. Não ser igual está gerando mais e mais pessoas ansiosas o que acaba evoluindo para a infelicidade.
Temos ouvido que só o “ter” já não basta para o ser humano, principalmente para a sua felicidade. E estamos vendo no mundo uma busca grande pelo autoconhecimento e pelo “ser”. Ser uma pessoa mais espiritualizada, ser mais consciente em relação as desigualdades do mundo, ser mais envolvido com as causas ambientais, sociais e humanitárias. Ser alguém com valores e princípios e com propósito real, com capacidade para realizar transformações no seu meio, em sua cidade, no seu Estado e porque não no mundo. Só ter já não satisfaz o ser humano frente a tantas desigualdades e sofrimentos.
Fui motivada a escrever esse texto quando li uma matéria de Jon Clifton, CEO do Gallup, sobre o índice de infelicidade no mundo que, segundo os estudos e pesquisas realizadas, está batendo recordes. De acordo com o Gallup, as pessoas sentem mais raiva, tristeza, dor, preocupação e estresse do que nunca. E o mais preocupante, as grandes corporações, as lideranças governamentais pouco fazem sobre isso. E é nesse terreno onde estão as oportunidades mais significativas de melhorar o bem-estar das pessoas, diz Jon.
A grande esperança para envolver mais o mundo corporativo na melhoria do índice de felicidade no mundo, está no movimento do Capitalismo Consciente que vem ganhando força no Mundo com um trabalho brilhante de elevar o nível de consciência dos empresários para gerar um ambiente onde a empresa ganha, mas é geradora de felicidade e bem-estar para todos envolvidos na cadeia de valor das corporações.
Segundo os estudos realizados por Gallup “não é a desigualdade de renda que explica a desigualdade do bem-estar embora certamente tem influência em parte dela. Mas, uma vida boa é mais do que dinheiro.” Nesses estudos, foi descoberto que 20% das pessoas que relataram uma vida ótima tinham cinco coisas em comum:
- Sentiam-se realizadas no trabalho;
- Tinham pouco estresse financeiro;
- Viviam em ótimas comunidades;
- Tinham boa saúde física e;
- Tinham pessoas queridas que as apoiavam em casos de necessidade.”
Voltando à reflexão inicial sobre a evolução do nível dos seres humanos na terra, se de fato estamos entrando no nível psíquico, onde mente e espírito ditam nosso comportamento e nossas atitudes frente as desigualdades e sofrimentos do mundo e nos cobram atitudes, isso pode justificar para o crescente número de escolas filosóficas, comunidades filosóficas e espirituais, programas voltados para o autoconhecimento, meditação e um universo de tudo que se possa imaginar, com o mesmo objetivo, ajudar evoluir melhorar o homem, e se o homem melhora, ele melhora o mundo.
E nesse contexto vale ressaltar a máxima utilizada muito em nosso meio, quando as atitudes são do bem, éticas, humanas e não prejudicam ninguém e nem o meio – “o universo conspira a favor”.
Claudia Bittencourt, Sócia fundadora e presidente do Conselho Consultivo do
Grupo BITTENCOURT. (http://www.grupobittencourt.com)