Em 2016, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 3,6%, as farmacêuticas nacionais apostaram em lançamentos e em preços competitivos para ganhar mercado no segmento de produtos para a pele, que é dominado por multinacionais como a francesa L’Oréal. Dados da consultoria IMS, especializada no setor farmacêutico, mostram que as nacionais Aché, Hypermarcas e Libbs lideraram o crescimento no setor de dermocosméticos.
Para concorrer com gigantes globais, as farmacêuticas locais apostaram na ampliação do portfólio com uma estratégia agressiva de preço. O diretor do laboratório Libbs, Wilson Júnior, conta que, em algumas campanhas realizadas em 2016, chegou a cortar seus preços em 20%. No ano passado, segundo a IMS, o faturamento da companhia subiu 41% (veja quadro).
Hoje, segundo o executivo, os produtos para a pele são o negócio que mais cresce dentro da Libbs – hoje, os dermocosméticos já respondem por 50% da receita da área de produtos para o consumidor do laboratório.
As farmacêuticas locais apostam especialmente na venda por meio da receita médica. Segundo a IMS, esse canal de vendas cresceu 5% nas vendas em unidades, enquanto a comercialização no varejo teve queda de 8%. É por isso que Nelson Mussolini, presidente do Sindusafarma, que reúne as empresas do setor farmacêutico, diz que os dermocosméticos não estão descolados da crise que afeta o setor. “Nos últimos meses, a produção total do setor como um todo caiu 14%.”
Uma fonte do setor ressalva que, diante da crise, o fator preço pesou mais na decisão dos consumidores, que se mostraram mais dispostos a experimentar marcas que não conheciam. “Se o custo-benefício for bom, a vantagem é que as pessoas continuarão a comprar o produto mesmo quando a crise passar”, explicou a fonte.
Novata. Um dos laboratórios que ampliaram o investimento em produtos para a pele foi o Aché. Há três anos, a companhia contratou a executiva Mônica Branco, que tinha passagem por L’Oréal e Dermage, para revitalizar e ampliar a linha de dermocosméticos. “Trata-se de um mercado de preços altos. A nossa proposta foi a de dar acesso a esta categoria. Por isso, trabalhamos com valores 20% abaixo das líderes de mercado”, explica a executiva.
Com uma fatia pequena do mercado, a Aché viu sua receita no setor subir 103% em 2016.
Fonte: Estadão