Grupo Bittencourt
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Fnac pode ficar no país com franquia

O comando da varejista Fnac Darty estuda algumas opções para o negócio no país. A empresa analisa a possibilidade de vender uma fatia da rede a um sócio investidor e manter a marca, podendo receber “royalties” pelo uso do nome Fnac, como antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Com 12 lojas e um site em operação no Brasil, a rede faturou cerca de R$ 400 milhões em 2016.
A Fnac apurou vendas totais de €7,4 bilhões em 2016, alta de 2%. O lucro operacional subiu 62%.
Dessa forma, a empresa não precisaria mais fazer grandes investimentos no Brasil, mas a marca seria mantida. O banco Société Générale foi contratado para buscar interessados em se associar à Fnac por aqui, apurou o Valor. Procurada, a instituição informou que não comenta rumores de mercado.
Também está sendo avaliada a hipótese de a empresa vender o controle para fundos de “private equity” ou um investidor estratégico. Tudo deve depender do conteúdo das propostas, já que a rede está “aberta” a negociar, conta uma fonte. O processo está em etapa preliminar, na fase de levantamento de interessados.
Não está sendo considerado o encerramento definitivo da marca no Brasil neste momento. Segundo apurou o Valor, a decisão da matriz de classificar a subsidiária, com 12 lojas alugadas, como “operação descontinuada”, como informou anteontem o grupo, ocorreu para refletir a decisão de buscar um sócio. Na terça-feira, em relatório de resultados, a rede informou que está “num processo de busca de parceiro que pode levar a um desligamento do país”.
Ontem, a rede mudou o tom e publicou uma nota informando que procura um sócio para “continuar e reforçar sua operação no país”. A expectativa é que pelo menos até o início de 2018 se defina um caminho para o negócio, segundo uma fonte a par do tema.
Entre os maiores sócios da empresa estão o fundo Artemis, holding da família Pinault, com 25% do capital, e a Vivendi, com 11%. Os acionistas não consideram o Brasil um mercado estratégico para o crescimento. As vendas da Fnac no país vêm encolhendo: houve queda 12% de janeiro a setembro de 2016 e um recuo 7,5% em 2015.
A falta de um modelo mais claro de atuação por aqui contribui para as dificuldades da cadeia. Nos últimos anos, ela acabou perdendo a referência de rede inovadora e voltada para a experiência de compra, dizem especialistas. “A Fnac ficou no meio de um modelo entre a Fast Shop e a Livraria Cultura. Acabou não sendo nem uma coisa nem outra”, diz o consultor Alberto Serretino. “É um formato com lojas muitos grandes, em que é difícil rentabilizar o metro quadrado”.
Outra rede de varejo em processo de venda, a Via Varejo tem em comum com a Fnac a atuação no ramo de eletrônicos. Mas no caso da Via Varejo, o Grupo Pão de Açúcar, controlador da cadeia, está saindo totalmente do negócio. Não existe um grande número de fundos de “private equity” interessados neste mercado no país.
Na Via Varejo, o fundo Advent e a Lojas Americanas ainda avaliam a operação, apurou o Valor, e já tiveram acesso ao “data room” da rede. Fontes ligadas ao Carlyle e as redes Falabella e Steinhoff têm negado interesse na Via Varejo.
A situação da Via Varejo não é diretamente comparável com a da Fnac. Na Fnac, além da queda no consumo motivada pela crise, houve redução em investimentos voltados ao crescimento orgânico nos últimos anos. E isso fez desacelerar a taxa de expansão no Brasil, num ritmo abaixo do mercado.
Já a Via Varejo (dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio) foi afetada especialmente por problemas na operação de seus sites, que tiveram forte prejuízo em 2016.
Fonte:  Valor Econômico